ESPAÇO SESC
Rua Domingos Ferreira 160 – Copacabana
29 de julho a 1 de agosto de 2010
29/07 (quinta-feira)
10h – Prosa de abertura, apresentação Zé Bocca.
10h30 – Apresentação da RIC (Red Internacional de Cuentacuentos).
11h – Histórias na sala de aula, palestra com Geeta Ramanujam. Mediação: Jason Prado. Tradução de Ana Portella.
A experiência desenvolvida na Índia para injetar nova vida nas salas de aula, revivendo a tradição da arte de contar histórias e tornando-a parte do currículo da escola primária.
12h - Apresentação de Contos do Mahabharatha com Ângela Moreira.
OFICINAS
14h30 às 17h30
A narração de histórias e suas implicações pedagógicas - Sergio Bello/SC.
Tecendo sons, criando histórias – vivências sonoras para narração - Adriana Milet/PE.
Promovendo a leitura a partir da oralidade -Pavis Pavós (Espanha).
Narrativa de contos, narrativa de vida - Cláudia Beatriz Fonseca/RJ.
Escrevendo imagens, contando histórias – processos e vivências na criação e narração - Luciano Pontes/PE.
18h30 às 21h30
Aprendiz de saltimbanco - Alekos (Colombia).
Oficina de contos mínimos - Enrique Paez(Espanha).
Os segredos dos contadores de histórias - Beatriz Montero (Espanha).
Tamoin, um contador de histórias - Luis Carlos Ribeiro/MT.
Histórias na sala de aula - Geeta Ramanujam (Índia ). Será ministrada em inglês.
30/07 (sexta-feira)
10h - Personalidades contam histórias homenageando José Saramago. Mediação: Benita Prieto. Convidados: Beatriz Kushnir, Letícia Sabatella, Maria Lucia Dahl, Regina Zappa e Sonia Silva.
11h30 - Sessão Comentada com Boniface Ofogo – Exibição do Documentário En Memoria realizado por Boniface Ofogo em homenagem ao seu pai.
12h - Homenagem ao griot Sotigui Kouyate e a romanceira Dona Militana coordenação Daniele Ramalho.
OFICINAS
14h30 às 17h30
Aprendiz de saltimbanco - Alekos (Colombia).
Oficina de contos mínimos - Enrique Paez(Espanha).
Os segredos dos contadores de histórias - Beatriz Montero (Espanha).
Tamoin, um contador de histórias - Luis Carlos Ribeiro/MT.
Histórias na sala de aula- Geeta Ramanujam (Índia ). Será ministrada em inglês.
18h30 às 21h30
A narração de histórias e suas implicações pedagógicas - Sergio Bello/SC.
Tecendo sons, criando histórias – vivências sonoras para narração - Adriana Milet/PE.
A magia da tradição oral: a palavra na boca do contador de histórias - Chico Paiva, Goreth Albuquerque e Tâmara Bezerra/CE.
Para contar melhor - Alicia Barberis(Argentina).
Escrevendo imagens, contando histórias – processos e vivências na criação e narração - Luciano Pontes/PE.
31/07 e 01/08 (sábado e domingo)
MARATONA DE CONTOS
Sessão ininterrupta de contos que se inicia às 18 horas do sábado (31) e termina às 18 horas de domingo (01). Apresentações de contadores de histórias estrangeiros e de vários estados brasileiros.
Mestre de Cerimônia: Centro Teatral e Etc e Tal.
Atrações: Daniel Azulay, Paulo Freire, Sergio Bello, Beatriz Montero, Alekos, Geeta Ramanujam, Alicia Barberis, Boniface Ofogo, Grupo Pavís Pavós, Cláudia Beatriz Fonseca, Benita Prieto, Lucia Fidalgo, Tiça Magalhães, Grupo Adrupa (Luciano Pontes e Adriana Millet), Luis Carlos Ribeiro, Chico Paiva, Goreth Albuquerque, Tâmara Bezerra, Grupo Escuta Só, Augusto Pessoa, Marcelino Ramos, Corujão da Poesia e da Música, Trupe Operação Cinema, Maestro Armênio Graça Filho, Adilson Araujo, Suzana Nascimento, Raquel Ferreira, Aline Cântia, Chicó do Céu, Lis Schwabacher, Grupo Confabulando, José Mauro Brant.
ÁREA EXTERNA DO SESC COPACABANA
MERCADO DA PALAVRA NOEL ROSA
10h às 18h - Durante todo o evento para comemorar o centenário desse poeta da música com espaço para leitura e palco aberto para quem quiser contar histórias. Haverá troca-troca de livros. Traga um exemplar para participar.
Mestres de Cerimônia: Zé Bocca e Daniele Ramalho.
Atividades
29/07 - 17h30 - Histórias online com Mauricio Leite direto de Portugal.
30/07 - 17h30 – Lançamento do livro Histórias de quem conta histórias. Organizadores: Lenice Gomes e Fabiano Moraes. Ilustradora: Ciça Fittipaldi. Editora Cortez. Autores: Lúcia Fidalgo, Cynthia Costa, Gislayne Matos, Glauter Barros, Celso Sisto, Marcela Romero, Regina Machado, Fabiano Moraes, Clara Haddad, Benita Prieto, Lenice Gomes, Giba Pedroza, Almir Mota, Cléo Busatto.
31/07
11h - Bonequinha de Pano musical infantil baseado no livro de Ziraldo com o grupo Amigos das Histórias (William Reis e Maristela Papa).
14h – Tarde de autógrafos do livro A Mala de Fugir e Outras Histórias de Luiz Carlos Ribeiro, editora Carlini & Caniato.
16h - Projeto Conexão Leitura com Lucia Morais e alunos(GiroLivro), Silvia Nobre Wajãpi, Fabiane Bahia(Plantando o Futuro) e a escritora Claudia Gomes.
01/08 – 11h - Canto de Colo: Um espaço de partilha para pais e crianças de zero a 3 anos, com Cláudia Beatriz Fonseca.
CONVIDADOS ESTRANGEIROS: Enrique Paez(Espanha), Beatriz Montero (Espanha), Alekos(Colombia), Geeta Ramanujam(Índia), Alicia Barberis(Argentina), Boniface Ofogo(Camarões), Grupo Pavís Pavós(Espanha).
CONVIDADOS DE OUTROS ESTADOS: Adriana Millet/PE, Luciano Pontes/PE, Luiz Carlos Ribeiro/MT, Paulo Freire/SP, Zé Bocca/SP, Sergio Bello/SC, Chico Paiva/CE, Goreth Albuquerque/CE e Tâmara Bezerra/CE.
Classificação etária: livre
Classificação etária na Maratona - horário de 22h as 8h: 18 anos
Informações (21) 3904-2210 (21) 9828-0767
simposiodecontadores@simposiodecontadores.com.br
Acompanhe o evento pela internet.
www.simposiodecontadores.com.br
http://twitter.com/simposioconta
lunes, 26 de julio de 2010
domingo, 25 de julio de 2010
Boni ha sido repatriado
Estamos con Benita Prieto en Rio de Janeiro, y Boni ha sido repatriado a Espanha casi delante de nuestras narices por no traer visa (y este teclado no tiene acentos ni enhes). Es una pena que en este mundo que quiere ser cada vez mas abierto, pasen estas cosas todavia. Estamos tratando desde Rio que Boni pueda llegar de nuevo al Simposio Internacional de Narradores de Historias, donde le estamos esperando.
Boni, estamos contigo.
Esta es la nota que ha difundido Benita desde Rio:
Boniface Ofogo Nkama (http://www.boniofogo.com/ ) nascido na
República dos Camarões e radicado na Espanha desde 1988, nosso convidado para o
Simpósio Internacional de Contadores de Histórias (www.simposiodecontadores.com.br)
que acontecerá na próxima semana, no Rio de Janeiro e em Ouro Preto, foi
impedido de entrar no Brasil, no aeroporto de Confins/BH, pela Polícia Federal
que alegou falta de visto, no dia 23/07/2010(sexta-feira),vindo de Madri em voo
da TAP.
Ele havia estado com a Vice-Cônsul do Brasil em
Madri, no dia 20/07, com toda a documentação e foi informado que há pouco tempo
foi celebrado um acordo que dispensava o visto dos cidadãos camaroneses.
Confirmando o e-mail que eu havia recebido do setor de vistos do Consulado do
Brasil em Madri dizendo não haver necessidade, pois a carta convite de
intercambio cultural era suficiente para sua estada no país, como turista,
durante três meses.
Boniface embarcou sem problemas, mas ao chegar ao
aeroporto de Confins/MG a Policia Federal não permitiu sua entrada. Embora ele
tenha relatado toda a situação, mostrado os documentos, cartas, e-mails, seus
livros, o programa do Simpósio de Contadores. UMA SITUAÇÃO HUMILHANTE E
CONSTRANGEDORA.
Boniface me telefonou às 17 horas dizendo que às 19
horas seria DEVOLVIDO a Madri. Imediatamente liguei para a Polícia Federal do
aeroporto de Confins perguntando o que poderíamos fazer. E eles me disseram que
nada.
Recorremos ao serviço de imigração e o Ministério das
Relações Exteriores enviou uma permissão para a entrada no país.
A Polícia
Federal alega que a permissão chegou as 19h31 e o voo já havia partido as 19
horas. E novamente me disse que não se podia fazer mais nada.
ESSA ATITUDE É INACEITÁVEL. Boniface é um artista
reconhecido internacionalmente e que já esteve em 18 países sem nenhum problema,
inclusive no Brasil, em dois simpósios anteriores, e foi um dos protagonistas do
documentário Histórias que gravamos aqui em 2005.
Estou
envergonhada e preciso tomar uma atitude, pois tenho certeza que houve
PRECONCEITO COM UM AFRICANO, POR SER NEGRO E ARTISTA.
Boniface é um
artista excepcional, um contador de histórias, um intelectual, um mediador
intercultural, um escritor. Vinha para o Brasil para estrear no Simpósio o
documentário En Memória uma homenagem a seu pai, recentemente falecido.Ele é da
etnia yambasa onde seu pai era rei e o detentor da palavra, um mestre da cultura
popular.E Boniface por tradição agora representa na sua etnia o que foi seu
pai.
Nossa primeira ação foi entregar para um advogado todos os
documentos pedindo que Boniface seja trazido ao Brasil para o evento com todo o
respeito e dignidade que merece. E com um pedido de desculpas do governo
brasileiro.
A situação é lamentável nesse momento em que o
Presidente Lula acaba de voltar da Africa para acordos de cooperação com esse
continente que é o berço da humanidade.
E imaginem o que pode acontecer na Copa do Mundo de
2014 e nas Olimpíadas de 2016 se as informações dos consulados do Brasil no
exterior divergem das que existem no nosso país.
Peço a todos que
nos apoiem enviando este email para sua rede de amigos e para todas as
instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais, que conheçam. E
repliquem esse e-mail nos seus blogs e nas redes sociais.
Benita
Prieto
Idealizadora e Produtora do Simpósio
e-mail : simposiodecontadores@simposiodecontadores.com.br
Boni, estamos contigo.
Esta es la nota que ha difundido Benita desde Rio:
Boniface Ofogo Nkama (http://www.boniofogo.com/ ) nascido na
República dos Camarões e radicado na Espanha desde 1988, nosso convidado para o
Simpósio Internacional de Contadores de Histórias (www.simposiodecontadores.com.br)
que acontecerá na próxima semana, no Rio de Janeiro e em Ouro Preto, foi
impedido de entrar no Brasil, no aeroporto de Confins/BH, pela Polícia Federal
que alegou falta de visto, no dia 23/07/2010(sexta-feira),vindo de Madri em voo
da TAP.
Ele havia estado com a Vice-Cônsul do Brasil em
Madri, no dia 20/07, com toda a documentação e foi informado que há pouco tempo
foi celebrado um acordo que dispensava o visto dos cidadãos camaroneses.
Confirmando o e-mail que eu havia recebido do setor de vistos do Consulado do
Brasil em Madri dizendo não haver necessidade, pois a carta convite de
intercambio cultural era suficiente para sua estada no país, como turista,
durante três meses.
Boniface embarcou sem problemas, mas ao chegar ao
aeroporto de Confins/MG a Policia Federal não permitiu sua entrada. Embora ele
tenha relatado toda a situação, mostrado os documentos, cartas, e-mails, seus
livros, o programa do Simpósio de Contadores. UMA SITUAÇÃO HUMILHANTE E
CONSTRANGEDORA.
Boniface me telefonou às 17 horas dizendo que às 19
horas seria DEVOLVIDO a Madri. Imediatamente liguei para a Polícia Federal do
aeroporto de Confins perguntando o que poderíamos fazer. E eles me disseram que
nada.
Recorremos ao serviço de imigração e o Ministério das
Relações Exteriores enviou uma permissão para a entrada no país.
A Polícia
Federal alega que a permissão chegou as 19h31 e o voo já havia partido as 19
horas. E novamente me disse que não se podia fazer mais nada.
ESSA ATITUDE É INACEITÁVEL. Boniface é um artista
reconhecido internacionalmente e que já esteve em 18 países sem nenhum problema,
inclusive no Brasil, em dois simpósios anteriores, e foi um dos protagonistas do
documentário Histórias que gravamos aqui em 2005.
Estou
envergonhada e preciso tomar uma atitude, pois tenho certeza que houve
PRECONCEITO COM UM AFRICANO, POR SER NEGRO E ARTISTA.
Boniface é um
artista excepcional, um contador de histórias, um intelectual, um mediador
intercultural, um escritor. Vinha para o Brasil para estrear no Simpósio o
documentário En Memória uma homenagem a seu pai, recentemente falecido.Ele é da
etnia yambasa onde seu pai era rei e o detentor da palavra, um mestre da cultura
popular.E Boniface por tradição agora representa na sua etnia o que foi seu
pai.
Nossa primeira ação foi entregar para um advogado todos os
documentos pedindo que Boniface seja trazido ao Brasil para o evento com todo o
respeito e dignidade que merece. E com um pedido de desculpas do governo
brasileiro.
A situação é lamentável nesse momento em que o
Presidente Lula acaba de voltar da Africa para acordos de cooperação com esse
continente que é o berço da humanidade.
E imaginem o que pode acontecer na Copa do Mundo de
2014 e nas Olimpíadas de 2016 se as informações dos consulados do Brasil no
exterior divergem das que existem no nosso país.
Peço a todos que
nos apoiem enviando este email para sua rede de amigos e para todas as
instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais, que conheçam. E
repliquem esse e-mail nos seus blogs e nas redes sociais.
Benita
Prieto
Idealizadora e Produtora do Simpósio
e-mail : simposiodecontadores@simposiodecontadores.com.br
viernes, 23 de julio de 2010
En el Simposio de Río de Janeiro
Ayer aterrizamos Bea y yo en Río de Janeiro, después de 10 horas de vuelo desde Madrid, y cinco horas de diferencia. Un descoloque para fliparlo (algunos lo llaman jet-lag).
No tengo fots aún, pero lo haré pronto (lo de colgarlas, digo).
Están cerrando este puesto de Internet, así que seguiré otro día.
Besos desde lsa playa de Copacabana.
E Ipanema.
Esta noche ceneremos con Benita Prieto, la organizadora del Simposio Internacional de Contadores de Histórias.
Me voy.
Chao
No tengo fots aún, pero lo haré pronto (lo de colgarlas, digo).
Están cerrando este puesto de Internet, así que seguiré otro día.
Besos desde lsa playa de Copacabana.
E Ipanema.
Esta noche ceneremos con Benita Prieto, la organizadora del Simposio Internacional de Contadores de Histórias.
Me voy.
Chao
miércoles, 14 de julio de 2010
San Enrique Emperador
La culpa fue de mi padre, o de mi madre, o de los dos. Mía, no, eso desde luego, porque yo acababa de nacer, y no sabía ni hablar, así que difícilmente podría decidir que me iba a llamar Enrique, y no Arturo, o Wenceslao, por ejemplo. Digo que fue de mi padre, porque cuando por fin aprendí a hablar empecé a hacer preguntas molestas, y me dijeron que cuando yo nací mi padre estaba haciendo un proyecto de monumento en Lisboa, en homenaje a Enrique el Navegante, y que por eso me pusieron ese nombre. Yo ya era el octavo, y se les había acabado el repertorio de nombres de abuelos, padrinos o tíos lejanos. Mi padre no ganó el concurso, aunque yo siempre que voy a Lisboa les cuento a todos los que me acompañan, les interese el asunto o no, que ese monumento que parece una escalera de granito blanco, con aire de barco, con el infante Enrique el Navegante cubierto con un sombrero muy chulo al borde de la proa, casi empujado por el resto de los marineros, en el puerto de Lisboa, junto al monasterio de Los Jerónimos y la Torre de Belem, lo proyectó mi padre, y que por su culpa yo me llamo Enrique.
Pero a mí los barcos me marean, y nadar se me da fatal, tengo vocación de ahogado, así que eso de dedicarme a las navegaciones, como mi tocayo, lo dejé por descartado muy pronto, antes de recibir la primera comunión. A pesar de ello la vida tiene muchos escondites, y acabé navegando durante décadas, como un Ulises perdido en el mar infinito, pero mis naufragios sucedían en otros mares donde las olas y las mareas tienen forma de letras y sintagmas. Ese es el oficio de escritor: marinero en tierra.
Debió ser por aquel entonces, antes de llegar a la adolescencia, cuando quise ser santo. Si esta vida era corta, y la otra eterna, más valía dedicarse de lleno a alcanzar la gloria eterna, que dura más. Con un calculo bruto, a ojo de buen cubero, ya se nota. Le pregunté al padre Celerino, un dominico amigo de mis padres, a ver si me podía recomendar alguna tribu de caníbales africanos para ir de inmediato a evangelizarlos, con el secreto deseo de que me echaran pronto al caldero, atado de manos y pies, junto a algún explorador del National Geographic. Yo tenía tanta prisa como Santa Teresa, y eso que aún no sabía lo que quería decir aquello de "vivo sin vivir en mí, y tan alta vida espero, que muero porque no muero." O sea: lo mismito que me estaba pasando a mí. Pero Celerino me dijo que no, que ya no quedaban tribus caníbales por cristianizar, y que me podría recomendar, como mucho, una parroquia en Petare, al final de Sabana Grande. Claro, no es lo mismo, porque ahí te puedes hacer viejo esperando la muerte, y de pronto un día tienes un pequeño desliz, una blasfemia que se te escapa cuando te das un martillazo en el dedo por equivocación al ir a colgar un cuadro, o un crucifijo, peor aún, y sales a la calle dolorido, te cae un tiesto encima, y te mata. Te jodiste: al infierno de cabeza, por blasfemo, pecado mortal, y no te ha dado tiempo ni de llamar a un sacristán para confesarte. A tomar por culo la eternidad tocando el arpa entre ángeles y arcángeles: te envían derechito al infierno, con Satanás pinchándote todo el puto día con su tridente de fuego incandescente, y no un rato largo de aburrir, sino la eternidad. Para siempre. Forever and ever. Demasiado arriesgado.
Así que decidí encomendarme a mi santo, al mío, a mi tocayo Enrique: San Enrique. Busqué en el santoral, y allí estaba: San Enrique Emperador, 13 de julio, un día como hoy. Que nadie piense que la noticia me emocionó lo más mínimo, porque yo ya había leído aquello de que era más difícil que un camello entrara por el ojo de una aguja, a que un rico entrara en el reino de los cielos. Celerino me dijo que la aguja no era una aguja de coser, sino una especie de ventanuco que atravesaba un muro. Mi meta debía ser como la de mi santo: San Enrique. O sea, primero conseguir ser emperador, y luego que me santifiquen. Joder, la cosa se complicaba. Solo existía en todo el santoral un emperador canonizado por la iglesia católica, y le tenía que tocar a Enrique. Manda huevos. Con lo fácil que lo tenían Tarsicio o Pancracio, y todos los devorados por leones en el Coliseo. Ir al cielo entonces estaba tirado: no tenías más que acercarte a un centurión, y decirle: “Octavio, mamón, me cago en Júpiter y en Neptuno, porque soy cristiano”. Y el centurión, como estaba mandado, te mandaba a las catacumbas del Coliseo para servir de carnaza en el siguiente partido dominical de leones contra cristianos. Luego te ponías en el medio, rezando de rodillas, llegaba el león, y catapún, al cielo de un zarpazo. Yo no pensaba quitarle la espina a ningún león, como Androcles, porque luego el león memorioso me perdonaba la vida, y a esperar otro rato, hasta el siguiente domingo, a ver si aparecía un león despistado que quisiera darme un mordisco celestial. Aquello era entrar al Paraíso por la puerta grande, como los enchufados.
Pero ya no había caníbales en África, ni leones en el Coliseo, y había que imitar al santo que te hubiera tocado en suerte. San Enrique, en mi caso. No digo yo que no mole eso de ser emperador, que un poco sí que mola, porque a lo mejor me lo podía montar como Enrique VIII y tener siete mujeres, e irlas decapitándolas una a una para quedarme viudo y estrenar otra, pero de allí al cielo era difícil de escalar. Una vida de puta madre, vale, de acuerdo, pero con una eternidad hecha un asco. No vale la pena. Mi reino no es de este mundo, ya lo dijo mi primo. Lo tenía muy complicado: tenía que llegar a ser emperador, y además portarme muy bien.
Pues lo debí ver bien jodido, porque nada más cruzar la adolescencia me hice trotskista, y luego anarquista. Que le den por culo al emperador, al santoral, y al navegante. Ahora soy un escritor ateo, y me la sopla lo que diga Celerino.
La culpa fue de mi padre, ya lo he dicho. Pero no le guardo rencor, pobre, que ya está muerto.
Pero a mí los barcos me marean, y nadar se me da fatal, tengo vocación de ahogado, así que eso de dedicarme a las navegaciones, como mi tocayo, lo dejé por descartado muy pronto, antes de recibir la primera comunión. A pesar de ello la vida tiene muchos escondites, y acabé navegando durante décadas, como un Ulises perdido en el mar infinito, pero mis naufragios sucedían en otros mares donde las olas y las mareas tienen forma de letras y sintagmas. Ese es el oficio de escritor: marinero en tierra.
Debió ser por aquel entonces, antes de llegar a la adolescencia, cuando quise ser santo. Si esta vida era corta, y la otra eterna, más valía dedicarse de lleno a alcanzar la gloria eterna, que dura más. Con un calculo bruto, a ojo de buen cubero, ya se nota. Le pregunté al padre Celerino, un dominico amigo de mis padres, a ver si me podía recomendar alguna tribu de caníbales africanos para ir de inmediato a evangelizarlos, con el secreto deseo de que me echaran pronto al caldero, atado de manos y pies, junto a algún explorador del National Geographic. Yo tenía tanta prisa como Santa Teresa, y eso que aún no sabía lo que quería decir aquello de "vivo sin vivir en mí, y tan alta vida espero, que muero porque no muero." O sea: lo mismito que me estaba pasando a mí. Pero Celerino me dijo que no, que ya no quedaban tribus caníbales por cristianizar, y que me podría recomendar, como mucho, una parroquia en Petare, al final de Sabana Grande. Claro, no es lo mismo, porque ahí te puedes hacer viejo esperando la muerte, y de pronto un día tienes un pequeño desliz, una blasfemia que se te escapa cuando te das un martillazo en el dedo por equivocación al ir a colgar un cuadro, o un crucifijo, peor aún, y sales a la calle dolorido, te cae un tiesto encima, y te mata. Te jodiste: al infierno de cabeza, por blasfemo, pecado mortal, y no te ha dado tiempo ni de llamar a un sacristán para confesarte. A tomar por culo la eternidad tocando el arpa entre ángeles y arcángeles: te envían derechito al infierno, con Satanás pinchándote todo el puto día con su tridente de fuego incandescente, y no un rato largo de aburrir, sino la eternidad. Para siempre. Forever and ever. Demasiado arriesgado.
Así que decidí encomendarme a mi santo, al mío, a mi tocayo Enrique: San Enrique. Busqué en el santoral, y allí estaba: San Enrique Emperador, 13 de julio, un día como hoy. Que nadie piense que la noticia me emocionó lo más mínimo, porque yo ya había leído aquello de que era más difícil que un camello entrara por el ojo de una aguja, a que un rico entrara en el reino de los cielos. Celerino me dijo que la aguja no era una aguja de coser, sino una especie de ventanuco que atravesaba un muro. Mi meta debía ser como la de mi santo: San Enrique. O sea, primero conseguir ser emperador, y luego que me santifiquen. Joder, la cosa se complicaba. Solo existía en todo el santoral un emperador canonizado por la iglesia católica, y le tenía que tocar a Enrique. Manda huevos. Con lo fácil que lo tenían Tarsicio o Pancracio, y todos los devorados por leones en el Coliseo. Ir al cielo entonces estaba tirado: no tenías más que acercarte a un centurión, y decirle: “Octavio, mamón, me cago en Júpiter y en Neptuno, porque soy cristiano”. Y el centurión, como estaba mandado, te mandaba a las catacumbas del Coliseo para servir de carnaza en el siguiente partido dominical de leones contra cristianos. Luego te ponías en el medio, rezando de rodillas, llegaba el león, y catapún, al cielo de un zarpazo. Yo no pensaba quitarle la espina a ningún león, como Androcles, porque luego el león memorioso me perdonaba la vida, y a esperar otro rato, hasta el siguiente domingo, a ver si aparecía un león despistado que quisiera darme un mordisco celestial. Aquello era entrar al Paraíso por la puerta grande, como los enchufados.
Pero ya no había caníbales en África, ni leones en el Coliseo, y había que imitar al santo que te hubiera tocado en suerte. San Enrique, en mi caso. No digo yo que no mole eso de ser emperador, que un poco sí que mola, porque a lo mejor me lo podía montar como Enrique VIII y tener siete mujeres, e irlas decapitándolas una a una para quedarme viudo y estrenar otra, pero de allí al cielo era difícil de escalar. Una vida de puta madre, vale, de acuerdo, pero con una eternidad hecha un asco. No vale la pena. Mi reino no es de este mundo, ya lo dijo mi primo. Lo tenía muy complicado: tenía que llegar a ser emperador, y además portarme muy bien.
Pues lo debí ver bien jodido, porque nada más cruzar la adolescencia me hice trotskista, y luego anarquista. Que le den por culo al emperador, al santoral, y al navegante. Ahora soy un escritor ateo, y me la sopla lo que diga Celerino.
La culpa fue de mi padre, ya lo he dicho. Pero no le guardo rencor, pobre, que ya está muerto.
viernes, 9 de julio de 2010
Mi nombre es Legión
He terminado de pintar la barandilla de blanco, y no he muerto. No es que pintar barandillas sea una actividad de alto riesgo, como pueda ser el trabajo del hombre bala, dentista de cocodrilos, sexador de cobras, o guardaespaldas de Bin Laden, pero después del comecocos del otro día (véase entrada anterior), temía caer fulminado por un rayo en el mismo instante en que aplicara el último brochazo a la barandilla. Afortunadamente creo que no ha sido así, porque lo contrario significaría que yo estoy muerto desde hace un buen rato, y que el que está escribiendo estas palabras es uno que me sustituye, que se hace pasar por mí, y que esta noche se meterá en mi cama con una camiseta de rayas amarillas, y con una sonrisa corrompida en la boca. Si huele y ronca como yo, Bea ni se dará cuenta. Él sí, claro está, pero a esas alturas seguirá con los labios sellados, sin el más mínimo interés en descubrirse. Un tapado, un okupa entre mis sábanas. En fin, era de esperar, si yo fuera él, sabiendo cómo, dónde y con quién vivo, haría lo mismo: callarme como un putas. Vaya que sí.
Aunque, ahora que lo pienso, si el que está escribiendo esto no soy yo, sino el otro, el farsante, el tinieblo, entonces es que yo soy él. Ya me parecía a mí que Raphael hablaba en clave esotérica cuando cantaba aquello de “Yo soy aquel” a voz en grito. De esa época también fueron los cuatro endecasílabos con los que Blas de Otero increpaba a Dios con el mejor soneto de la historia: “Alzo la mano, y tú me la cercenas. / Abro los ojos: me los sajas vivos. / Sed tengo, y sal se vuelven tus arenas. / Esto es ser hombre: horror a manos llenas.”
Bueno, pues que le aproveche. Que me aproveche. A fin de cuentas, si no somos más que la huella que deja un barco a la deriva, si todos somos sospechosos de impostura, si nunca nos bañamos en el mismo río (y no es porque el río haya cambiado y mudado el agua, sino porque nosotros ya somos otros), tendremos que coincidir con Agustín García Calvo, otro poeta ácrata, cuando escribía: “Juraría que he sido feliz una vez en la vida. […] Yo de cierto no sé si fui yo o fue otro cualquiera: sólo que era feliz y que toda la vida lo era.” Así que, a fin de cuentas, que me quiten lo bailado. Que nos quiten lo bailado. “Mi nombre es Legión, porque somos muchos” (Mt. 8. 28-34, Lc. 8. 26-39).
---
La imagen es una foto de Blas de Otero cuando era joven.
Aunque, ahora que lo pienso, si el que está escribiendo esto no soy yo, sino el otro, el farsante, el tinieblo, entonces es que yo soy él. Ya me parecía a mí que Raphael hablaba en clave esotérica cuando cantaba aquello de “Yo soy aquel” a voz en grito. De esa época también fueron los cuatro endecasílabos con los que Blas de Otero increpaba a Dios con el mejor soneto de la historia: “Alzo la mano, y tú me la cercenas. / Abro los ojos: me los sajas vivos. / Sed tengo, y sal se vuelven tus arenas. / Esto es ser hombre: horror a manos llenas.”
Bueno, pues que le aproveche. Que me aproveche. A fin de cuentas, si no somos más que la huella que deja un barco a la deriva, si todos somos sospechosos de impostura, si nunca nos bañamos en el mismo río (y no es porque el río haya cambiado y mudado el agua, sino porque nosotros ya somos otros), tendremos que coincidir con Agustín García Calvo, otro poeta ácrata, cuando escribía: “Juraría que he sido feliz una vez en la vida. […] Yo de cierto no sé si fui yo o fue otro cualquiera: sólo que era feliz y que toda la vida lo era.” Así que, a fin de cuentas, que me quiten lo bailado. Que nos quiten lo bailado. “Mi nombre es Legión, porque somos muchos” (Mt. 8. 28-34, Lc. 8. 26-39).
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La imagen es una foto de Blas de Otero cuando era joven.
domingo, 4 de julio de 2010
La huella que deja una deriva
Estoy pintando la barandilla del balcón. Tiene nueve o diez metros de largo. Era negra, y la quiero blanca. Cada día me coloco frente a ella, preparo la brocha que descansa sumergida en aguarrás desde el día anterior, abro el bote de pintura, mojo y escurro el pincel, y empiezo a untar con brochazos uniformes la barandilla metálica. La mancha blanca avanza, día tras día, iluminando las traviesas y el pasamanos. Es un trabajo minucioso, pero no conviene obsesionarse con el perfeccionismo, porque en ese caso el trabajo no concluiría nunca, y la barandilla permanecería para siempre sin acabar de pintar, truncada, bicolor, como un proyecto que nunca pudo consumarse. Como una vida quebrada en la mitad.
A veces creo que estoy representando mi vida: al principio arranqué muy ilusionado, con algo de inconsciencia, sorprendido por el efecto que causaba cada brochazo, cada pequeño avance de la pintura. Me quedaba mucho por delante, y me resultó difícil saber de antemano si la barandilla era demasiado larga o demasiado corta, si mi vida iba a ser breve o cansina. A estas alturas ya tengo pintada más de la mitad de la barandilla. Hay más barrotes blancos que negros, eso se ve a simple vista. Ya he vivido más de la mitad de mi vida. Quizá por eso hay días en los que noto algo parecido al cansancio, y pinto con desgana, casi por obligación, porque no puedo dejar la barandilla así, a medio pintar, como la radiografía de un fracaso. Otros días, en cambio, me levanto de un salto de la cama, sujeto la brocha con energía, y le canto boleros a los barrotes al tiempo que les cambio de color, que les enseño una nueva cara con la que asomarse al precipicio que se abre al otro lado de la barandilla.
Miro hacia atrás, y veo que he pintado mucho, que hay más blanco que negro en el pasado. El futuro es una barandilla negra, que cambiará de color en el preciso instante en el que pueda tocarla con mis manos. Calculo a ojo que el bote de pintura me va a llegar hasta el final, un poco justito. Quizá me sobre un poco, que me servirá para retocar algo del pasado, o quizá para un proyecto blanco y nuevo, no tan grande como el de la barandilla, sino más modesto, de puro placer de artesano jubilado. O quizá le regale el resto a alguien, para que lo aproveche. Una pequeña herencia. No me gustaría tirarlo por el retrete y contaminar más aún el medio ambiente.
Pero aún menos me gustaría haber calculado mal mis fuerzas y mi capital de pintura blanca. Si me quedara corto, la barandilla y la vida serían proyectos inacabados, truncados. También pasaría si, pongamos que por accidente, un día le diera una patada al bote de pintura y esta se derramara por el suelo, y chorreara balcón abajo, como sangre blanca desperdiciada. ¿Suicidio, asesinato, o accidente? Que lo investiguen los del CSI. A veces no se saben las causas, pero siempre quedarán claras las consecuencias.
Puede ser también que al final, cuando queden apenas dos o tres barrotes por pintar, me encuentre con que el bote de pintura está seco. No queda más pintura. Se acabó el crédito. Se acabó el futuro. La empresa quebró. Alguien tendrá que prestarme un poco de lo suyo, un poco de pintura extra, que casi seguro que no tendrá el mismo tono, el matiz exacto. Una chapuza. No hay dos botes iguales, no hay dos vidas iguales. Qué lástima verse derrotado en las últimas traviesas, tener que pedirle a otro que acabe lo que tú no has podido terminar por haber planificado mal las fuerzas de tu vida. Un viejo dependiente y chapucero. Quítate ya de ahí, que no eres más que un estorbo. Manda huevos, ¿a quién le importa tu puta barandilla, si en cuanto te mueras vamos a tirar el balcón abajo para mandar construir una cristalera?
Qué quieres que te diga. La muerte siempre gana la partida. Todos los finales son tristes. Las barandillas blancas solo existen en los cementerios. Los demás, los que aún estamos vivos, estamos hechos de jirones de pintura, barandillas a medio terminar. A lo más, como diría mi amigo Ángel Zapata, somos la huella que deja una deriva.
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Imagen anónima capturada con Google. Si es tuya dímelo y te cito o la borro.
A veces creo que estoy representando mi vida: al principio arranqué muy ilusionado, con algo de inconsciencia, sorprendido por el efecto que causaba cada brochazo, cada pequeño avance de la pintura. Me quedaba mucho por delante, y me resultó difícil saber de antemano si la barandilla era demasiado larga o demasiado corta, si mi vida iba a ser breve o cansina. A estas alturas ya tengo pintada más de la mitad de la barandilla. Hay más barrotes blancos que negros, eso se ve a simple vista. Ya he vivido más de la mitad de mi vida. Quizá por eso hay días en los que noto algo parecido al cansancio, y pinto con desgana, casi por obligación, porque no puedo dejar la barandilla así, a medio pintar, como la radiografía de un fracaso. Otros días, en cambio, me levanto de un salto de la cama, sujeto la brocha con energía, y le canto boleros a los barrotes al tiempo que les cambio de color, que les enseño una nueva cara con la que asomarse al precipicio que se abre al otro lado de la barandilla.
Miro hacia atrás, y veo que he pintado mucho, que hay más blanco que negro en el pasado. El futuro es una barandilla negra, que cambiará de color en el preciso instante en el que pueda tocarla con mis manos. Calculo a ojo que el bote de pintura me va a llegar hasta el final, un poco justito. Quizá me sobre un poco, que me servirá para retocar algo del pasado, o quizá para un proyecto blanco y nuevo, no tan grande como el de la barandilla, sino más modesto, de puro placer de artesano jubilado. O quizá le regale el resto a alguien, para que lo aproveche. Una pequeña herencia. No me gustaría tirarlo por el retrete y contaminar más aún el medio ambiente.
Pero aún menos me gustaría haber calculado mal mis fuerzas y mi capital de pintura blanca. Si me quedara corto, la barandilla y la vida serían proyectos inacabados, truncados. También pasaría si, pongamos que por accidente, un día le diera una patada al bote de pintura y esta se derramara por el suelo, y chorreara balcón abajo, como sangre blanca desperdiciada. ¿Suicidio, asesinato, o accidente? Que lo investiguen los del CSI. A veces no se saben las causas, pero siempre quedarán claras las consecuencias.
Puede ser también que al final, cuando queden apenas dos o tres barrotes por pintar, me encuentre con que el bote de pintura está seco. No queda más pintura. Se acabó el crédito. Se acabó el futuro. La empresa quebró. Alguien tendrá que prestarme un poco de lo suyo, un poco de pintura extra, que casi seguro que no tendrá el mismo tono, el matiz exacto. Una chapuza. No hay dos botes iguales, no hay dos vidas iguales. Qué lástima verse derrotado en las últimas traviesas, tener que pedirle a otro que acabe lo que tú no has podido terminar por haber planificado mal las fuerzas de tu vida. Un viejo dependiente y chapucero. Quítate ya de ahí, que no eres más que un estorbo. Manda huevos, ¿a quién le importa tu puta barandilla, si en cuanto te mueras vamos a tirar el balcón abajo para mandar construir una cristalera?
Qué quieres que te diga. La muerte siempre gana la partida. Todos los finales son tristes. Las barandillas blancas solo existen en los cementerios. Los demás, los que aún estamos vivos, estamos hechos de jirones de pintura, barandillas a medio terminar. A lo más, como diría mi amigo Ángel Zapata, somos la huella que deja una deriva.
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Imagen anónima capturada con Google. Si es tuya dímelo y te cito o la borro.
viernes, 2 de julio de 2010
La lengua suelta y los huesos rotos
Mi tía Chitín tiene 87 años. Ya ni siquiera sale de casa, precisamente ella, que se pasó la vida “recogida en la calle”, según sus propias palabras. Ahora necesita dos ayudantas, día y noche, para comer, para bañarse, para vestirse, para vivir. Chitín ha vivido sola, defendiendo su independencia con las uñas, desde hace más de 65 años. Si yo tuviera que ponerle un nombre al concepto de independencia personal, lo bautizaría Chitín. Pero mi tía ahora es una dependiente absoluta, incluso para realizar los actos más vergonzosos, los más íntimos.
Chitín, aún así, tiene la cabeza despierta, y ni siquiera el cáncer cerebral que le detectaron hace tres años le debilita la memoria o le nubla el juicio. Si le preguntas, ella está encantada de contarte todas las anécdotas, todas las batallas, todos los análisis certeros que quieras. Ya no le ata la censura, y no le importa el qué dirán. Antes tampoco le importaba mucho, pero ahora ya es irrefrenable. La lengua suelta, y los huesos rotos.
Sé que va a morir muy pronto, a lo más unos pocos meses. Ella también lo sabe. No le deseo una larga agonía en esa cárcel corporal de la que no puede salir, una jaula imposible de hacer más angosta: la de su esqueleto roto y sus músculos inermes.
Ese no es el pasado: es el futuro. El mío y el tuyo. ¿Quieres saber cómo serás de viejo, que tal te va a tratar la vida en tus últimos años de existencia? Haz un viaje al futuro: visita a tus abuelos, a tus tías ancianas, acércate a un geriátrico. Son tú, dentro de muy poco. Escucha la angustia que te aguarda en el futuro.
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Imagen: Fortuny: Viejo al sol
Chitín, aún así, tiene la cabeza despierta, y ni siquiera el cáncer cerebral que le detectaron hace tres años le debilita la memoria o le nubla el juicio. Si le preguntas, ella está encantada de contarte todas las anécdotas, todas las batallas, todos los análisis certeros que quieras. Ya no le ata la censura, y no le importa el qué dirán. Antes tampoco le importaba mucho, pero ahora ya es irrefrenable. La lengua suelta, y los huesos rotos.
Sé que va a morir muy pronto, a lo más unos pocos meses. Ella también lo sabe. No le deseo una larga agonía en esa cárcel corporal de la que no puede salir, una jaula imposible de hacer más angosta: la de su esqueleto roto y sus músculos inermes.
Ese no es el pasado: es el futuro. El mío y el tuyo. ¿Quieres saber cómo serás de viejo, que tal te va a tratar la vida en tus últimos años de existencia? Haz un viaje al futuro: visita a tus abuelos, a tus tías ancianas, acércate a un geriátrico. Son tú, dentro de muy poco. Escucha la angustia que te aguarda en el futuro.
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Imagen: Fortuny: Viejo al sol
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